Estou infeliz no trabalho. E agora?

Existe hoje, mais do que nunca, uma dualidade entre aquilo que é expectável na vida de um jovem.

Por um lado, pede-se-lhes que sonhem, que aproveitem, que tirem anos sabáticos para viajar, que invistam noutras áreas de interesse e que procurem o que os faz felizes.

Porém, ao mesmo tempo, espera-se que tudo o que façam acrescente valor ao seu curriculum, questionando-os como esperam que seja o seu futuro e como pretendem um dia pagar a reforma (exato… reforma?!).

No meio disto tudo, juntem-se-lhes todas as dúvidas existenciais características desta fase e a pressão que lhes é incutida, para criar uma bomba catastrófica que ditará o seu futuro: ou (1) acabam por aceitar ofertas de trabalho e projetos que não os deixam realizados, mas que cumprem os requisitos exigidos por aquilo que acreditam ser um percurso de sucesso… e, por vezes, iludidos com o Óscar de “colaborador do ano”; ou (2) sentem-se perdidos, despedem-se e não sabem que rumo tomar a seguir.

 

A forma como olhamos para o sucesso nesta fase da vida dita na maior parte das vezes o modo como tomamos as nossas decisões ao longo da vida.

 

Uma amostra disso é que nos últimos meses, fui contactada por muitos profissionais que demonstraram o seu descontentamento para com a sua vida… (será que consegues adivinhar porquê?)… Porque o trabalho lhes traz infelicidade! Seja porque não se identificam com a realidade em que vivem ou porque o ambiente em que trabalham não se adequa aos seus valores. E é por esta razão que as primeiras sessões com os meus clientes são passadas em 95% dos casos a trabalhar questões relacionadas com o trabalho. Até que chegamos ao cerne da questão: existe muito mais para além daquilo que nos ocupa 8 (ou mais) horas do nosso dia.

 

No entanto, por alguma razão, a maior parte das pessoas continua a medir o seu sucesso numa escala que encara a área do trabalho com uma das mais fortes variáveis e uma das maiores responsáveis pela nossa contribuição para com o mundo.

 

No meu caso por exemplo: tive até hoje uma vida escolar e profissional bastante estável. Sempre ouvi as pessoas à minha volta valorizarem o meu esforço: nos tempos de escola e de faculdade, pelas minhas excelentes notas e, mais tarde, no trabalho, pela minha dedicação e ambição. Tudo aquilo que ressoava a sucesso, na minha mente, provinha do esforço profissional.

Mais tarde, quando me despedi e me decidi lançar por conta própria, várias opiniões mencionaram que estava a ser inconsciente: tinha um rumo promissor, uma posição de destaque, vários convites de recrutamento e tudo gritava “sucesso” a curto/médio-prazo…

 

A questão que se impõe aqui é: quando dizemos que queremos ser “mais felizes” e “mudar de vida”, usualmente começamos por uma mudança de função, empresa ou carreira. E porquê?

 

É óbvio que não acontece em todos os casos, mas a maior parte de nós coloca um grande peso na área da profissão. Isto porque a pressão que sentimos nos dias de hoje para manter uma fasquia elevada e competitiva no mercado de trabalho, é enorme…

…o que faz com que coloquemos o principal investimento de toda a nossa vida, nesta única área.

 

Quando percebi que não estava feliz nem realizada e que o que fazia não me bastava, ponderei bem a minha mudança de vida e o porquê de o estar realmente a fazer, para garantir que era pelas razões certas, seguindo alguns passos.

Deixo aqui a minha sugestão:

 

1º passo: Define o TEU sucesso

  • Senta-te, com um papel e uma caneta à frente e escreve quais são as variáveis que definem o TEU sucesso. Não te compares com os outros.
  • Escreve, ponto por ponto, em que áreas te queres sentir realizado/a (trabalho, família, romance, saúde,…).
  • Define para cada uma dessas áreas quais os requisitos necessários para te sentires feliz (não valem as palavras “continuar a” ou “manter”. Deves empregar verbos que indiciem crescimento ou mudança, uma vez que está provado que presenciarmos uma evolução e crescimento na nossa vida, nos deixa francamente mais felizes e realizados).

 

2º passo: Porquê?!

  • A minha sugestão é que tires um momento para pensar e escrever em letras bem visíveis, qual o teu propósito em quereres tanto esta mudança.
  • Reflete sobre o porquê de quereres fazer uma mudança profissional. Garante que o fazes pelas razões certas: percebendo se não é uma fuga, seja porque estás com receio de dar mais ao cargo que desempenhas, de te envolveres ou de dar o extra mile (até experimentares usar todos os teus recursos nunca saberás se algo é feito à tua medida, certo?), ou porque acreditas que o teu relacionamento não está a funcionar porque a culpa é do trabalho, ou ainda porque não te identificas com algum colega ou chefe (existem outras opções menos drásticas do que desistir de uma carreira, porque não se vai à bola com alguém com quem se convive diariamente).

3º passo: Toma uma decisão

  • Por fim, toma a decisão de seguires o que te faz feliz, e que certamente te trará sucesso – o TEU sucesso.
  • Questiona-te: “em que categoria gostaria de receber o meu Óscar – aquele que definiria o meu propósito neste momento?”
  • Não precisa de ser uma grande mudança, basta um pequeno passo para colocares a roda da tua vida a andar.

Preparado/a para dar esse passo, agora?

 

Que sejamos sempre MAIS em valor e MENOS em limitações!

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